“Chegou o carro do gás”, “o carro do ovo está passando na sua rua”, “camarão, camarão, camarão fresquinho na sua porta”, “é o carro do pão, macio, baratinho, é o pão que a madame gosta”, “vassoureeeiro, olha o vassoureeeiro”...
Em home office, a dinâmica social do meu bairro se configura por meio dos sons que entram pela janela, mostrando-me uma dimensão que pouco conhecia. Metido no escritório no 18º andar de um prédio no Centro do Rio de Janeiro, estava habituado a me isolar do barulho com os fones enfiados nos ouvidos tocando as músicas de minha preferência.
É verdade que nos acostumamos a tudo. Pode demorar um pouco, mas sempre descobrimos caminhos de viver e superar as adversidades. Não demorou muito para que os sons da minha janela se integrassem à minha rotina e me ajudassem a refleti-los como metáfora: estaria deixando meu carro passar? Não o carro do pão ou do ovo, mas o carro das oportunidades.
Explico. Comecei a me preocupar com a acomodação que as sequelas emocionais do vírus deixaram em todos nós. A paralisação foi a primeira delas. O tempo, que interrompemos bruscamente para nos isolarmos em casa, estaria se perdendo? Por que eu não conseguia mais dispor do mesmo tempo que, antes da pandemia, usava para investir em mim, no meu desenvolvimento pessoal e profissional? A luz acendeu, a sirene soou e eu fiz sinal para o carro parar.
Refiz minha rotina, reformulei meus horários e incluí um tempo para leituras e para participar de cursos, debates e lives profissionais que estão disponíveis aos montes na internet. Isso mudou tudo, mudou minha perspectiva e me fez entender que estar isolado não é estar imobilizado. Fez-me sentir bem e com vontade de convidar você a pegar carona nesse carro. Vamos?
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